ARTE ORGÂNICA



















                      Arte orgânica, melhor que criticar é gritar e sair do silêncio.

            Muitos estudantes de Artes ainda não se conectaram com a ampla noção sobre o trabalho da inteligência humana. Há uma vasta busca pela decodificação dos trabalhos humanos que atuam em oposição à natureza em amplitude e num sentido estrito, a ação realizadora de uma concepção voluntária, consciente e que produz o prazer estético.


            Várias vezes definimos a Arte como uma procura histórica e cultural dos sentidos da beleza, da perfeição e que acaba substituindo-se por ícones sensíveis, como a tensão e a depressão. Costumamos dizer que obra de arte é algo estreito e com total vínculo ao momento e período histórico que a origina, fora deste contexto sendo impossível de ser compreendida. Mas o objeto/obra que se estuda vai demonstrar características intemporal e universal, o que lhe permitirá perenidade independente da vigência dos princípios estéticos que a inspiraram.


            Como ação humana fundamental e por assim dizer orgânica, a arte, esta totalmente linkada a capacidade de expressão simbólica e sentimental étnica. Organicamente atua como comunicação perpetuando-se como função social de uma civilização ou cultura, contando com inúmeras teorias de como se deu sua origem. Há ideias e teses que a defendem como uma promoção biológica, tal como o ato da degustação de alimentos e gosto por líquidos, como a função de comer e beber saborosamente que diz que somos o que comemos.


            Há também as áreas que defendem seu surgimento como um objetivo social traçando um roteiro encantador ligado à mitologia, aos feitos de magia e as práticas religiosas, talvez uma maneira de firmar fenômenos injustificados e injustificáveis ou uma crítica muito ácida sobre os artistas do passado. Em suma, resposta automática que quase sempre não nos lançam na lógica da coisa/objeto palpável e mutável.


            O caráter orgânico e utilitário do fazer artístico é muito palpável com seus objetos, existente nos universos popular e primitivo, não se descredencia por suas expressões estéticas primárias. Suas razões necessárias lhes dignificam em concepção de funcionalidade, agrega nela o sentido transformador, democrático e inclusivo, tendo-a agora como Arte Funcional. Assim, quero reafirmar que tal qual a importância da arte que inclui é também a da que conceitua, que briga e incomoda por opinião maturada, condensada e pesquisada em centros de opinião e formação como as academias, faculdades, escolas de arte e entidades ligadas as pesquisas, lógo, temos a Arte Conceitual.


            É importantíssima a noção que advoga a favor da influencia recíproca do erudito sobre o popular e vice-versa, tendo-os como fenômenos dialéticos. Podemos estudar com riqueza de dados em disciplinas de história, de crítica de arte e construções estéticas, no tocante, questiono a ausência de ênfases no estudo da metafísica semiótica que pode nos conectar as constatações do simbólico, por exemplo.


            Acho costumeiro cometer separações nas artes, é até importante segmentá-las para uma priori de intenções, porque convivemos com paradoxos que ao mesmo tempo em que adoramos Arte, pouco de fato empreendemos para respaldá-la, defende-la e protege-la da sua sofrida vida cotidiana de privatismo, principalmente no que tange a preservação e seus espaços públicos. Pra mim, por experiência, a lógica é do quanto mais aberto, mais fomentado e não o contrário!


            Em meio a tantos cenários, artistas se organizam em plásticas e planos espaciais com desenho, escultura, arquitetura e pinturas e no âmbito rítmico e narrativo somos música, dança, literatura, teatro, cinema e todo o caráter dinâmico que der.


            Para o contemporâneo gosto de compor com os que pensam nos impactos verdadeiros da poluição. Na obra passageira que traz na arte urbana seu espaço expositivo recriando atmosferas em túneis e ambientes degradados. Um local de vivência e experimentação, onde passamos e deixamos para a posterioridade um olhar sobre o mundo.


            Digo isso em respeito ao artista que SENTE e que precisa representar o humano, que transforma o túnel em catacumba e que cria o Ossário e faz sua crítica em forma de imagem gritante e rude através da sua suavidade inevitável num local em que o humano, o orgânico já havia se perdido.


            Ainda bem que mais que criticar, ele gritou e saiu do silêncio! Aqui vou eu lendo, escrevendo e gritando. Vamos ás ruas!


            E, por favor, pensem na quantidade de fuligem que são armazenadas diariamente nos túneis da capital paulista. Talvez seja sim a mesma quantidade que respiramos fora deles. Atentem-se a arte que ali estão.



 Tatá Nascimento - estudante de artes visuais, coordenadora do CUCA da UNE/SP




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